As grades do condomínio são pra trazer proteção

E ela continuava ali, sentada no canto do quarto. Seguia fielmente aquela regra de sentir todas as dores do mundo. "Fulano" adoece, "Sicrano" passa mal, seu coração sai batendo descompassado. Que seria dela se não se achasse o porto seguro pra todos os males? Que pensaria se não tratasse todos os desentendimentos como culpa sua e não das estrelas? Suas pernas e braços ultimamente deram pra fraquejar. Sua boca já não diz palavra por medo de sofrer. Seu canto tem se tornado cada vez mais canto, cada vez mais restrito. A ela sobrou a mingua dos jardins. Sobrou a parte branca do olho, um pouco do azul do céu e sua alma calejada. O coração? ainda está lá, só que escondido atrás das grades.
Texto: Wandréa Marcinoni 

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1 Comentários

  1. Oi Wandréa, tem dias que estou assim bem mal e a vontade é me refugiar em casa.
    Sempre que posso passo por aqui para ler seus textos, mais a correria dos meus dias sempre me impedem de comentar.
    Um bom feriado pra você!
    Beijos

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