Escrever pode não ser algo que se aprenda nos bancos das escolas. Pode ser apenas aquela fuga que se usa quando não se é bom com a palavra falada. Ao menos pra mim faz todo sentido. Sempre tive a certeza da minha total falta de time ao dar respostas pras colocações absurdas de certas pessoas. Lembro de situações do passado onde devia ter dito e não disse. A começar pela clássica história do "Wandréa você comeu queijo?". Mil horas depois eis que aparece a bendita da resposta que seria a solução cheia de charme pra sair do papel de boboca do ano, mas enfim "...eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim...". Na hora de falar as palavras calam, Daí escrever faz com que eu ordene os meus sentimentos, faz com que eu fale de mim através dos outros, interceda por perdão, crie situações que jamais viveria, tire o peso do mundo das minhas costas. Faz com que eu caminhe quilômetros sem sair do lugar e mova montanhas. Escrevendo posso ser criança de novo. Posso mudar de planeta, falar dos outros sem culpa, julgar ou ser julgado, viver ou morrer, sofrer e chorar. Para quem escreve é um prêmio ver as palavras fluindo mais fáceis, sem o gaguejo da timidez, sem a parede da vergonha, sem laços ou amarras que te prendam. Escrevendo você é você como veio ao mundo. É você com olhar de criança. É como pisar no chão com os pés descalços vestindo a "roupa de casa". É parte da melhor parte de mim.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Arquivo pessoal
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