A casa


Parou diante da mureta. À direita um pequeno balcão branco, onde se esconde a fonte de gás. À frente a água. Olhou pra cima, onde 2 varais paralelos penduravam panos de prato com barra de chita. Imagens coladas com pinguins em xadrez, uma galinha, pequenos talheres. Olhou pra trás e havia silêncio. Sentou-se sozinha na mesa. Escreveu uma carta com lápis de cor. Leu e releu cada palavra, cada letra. Não tinha som, só o burburinho discreto no estacionamento porque era domingo. Aos domingos a vida esvazia pra voltar nas segundas ao som do vai e vem dos carros. Pegou o papel, dobrou e rasgou continuamente pela metade até sobrarem os restos do que foi palavra. Enrolou em um papel maior e colocou na lixeira dos recicláveis. Recicla mundo, reconstrói, nasce daí alguma coisa que eu possa usar. Recicla gente, coração, palavra. Recicla e replanta e renasce.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Sem nexo

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