Minha avó era uma pequena mulher de 1.45 m de altura e olhos azuis como o céu de Brasília. Tinha uma personalidade rígida, forte, às vezes intransponível. Muita coisa que sei sobre ela, eu poderia chamar de memória implantada, como quando ela perdeu a visão de um olho, que deixou de ser azul para ser branco como papel. Conta a lenda que foram gotas de chuva que caíram sem parar. Ela nasceu em Nunca mais, no interior do interior do Brasil. Casou-se aos 13 anos, não sei se por escolha ou pela falta dela. O que me ocorre é que algo vingou. Meu avô trabalhava vendendo o que fosse. Viajando daqui pra lá. Certa vez, quando voltou, a encontrou com as trouxas prontas e os 5 filhos ao lado. Disse sem volta: ou vamos todos ou nunca mais! Partiram para um lugar não tão distante, construíram casa, família, afetos. Ficaram juntos, como se diz nos filmes, até que a morte os separou. Seis meses após meu avô partir, minha avó, como a chama de uma vela se apagou

Postar um comentário

0 Comentários