Suculentas

Ela passara as noites em claro na última semana. Telefonemas interrompiam a madrugada de tempos em tempos pra se quebrar no barulho de um silêncio ensurdecedor. As dúvidas se misturavam com as angústias, que se somavam aos temores que se empilhavam com as atribulações naquele eterno jeito de esperar passar o que nunca passava. Estava de mãos atadas. Apesar de saber qual a atitude correta não conseguia sair do lugar. No sábado achou que ia infartar e pediu a Gustavo que a levasse à UPA. Pressão estava nas alturas e a sensação de impotência também. Continuava usando seus remédios de maneira tão irregular quanto suas idas ao cardiologista. Na segunda o corpo pediu arrego novamente e na volta ao hospital e pós exames, o tal d-dímero estava alterado. Trombose? descartaram. Voltou pra casa naquela confusão. Tudo parecia estar em paz, mas não estava. Era um intervalo. Sentou no computador e pesquisou: Como decorar a sala e a varanda com suculentas?
Texto: Wandréa Marcinoni

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