Um dia, eu e essa pessoa desconhecida vamos nos encontrar por algum motivo, e uma intuição talvez nos diga que chegamos à vida um do outro. Eu não acredito sempre nisso. Mas não posso deixar de estar atenta. De todo modo sou assim mesmo: fico atenta a toda gente. Gosto de olhar discretamente. Confesso.
Imagino a vida dos outros. Não é por cobiça. É por vontade que dê certo. Por exemplo, vejo alguém sem cabelo e invento que há gente que só gosta de homens carecas, para que ser careca seja uma vantagem ou, pelo menos, desvantagem nenhuma.
Acho que invento a felicidade para compor todas as coisas e não haver preocupações desnecessárias. E inventar algo bom é melhor do que aceitarmos como definitiva uma realidade má qualquer. A felicidade também é estarmos preocupados só com aquilo que é importante. O importante é desenvolvermos coisas boas, das de pensar, sentir ou fazer.
Texo: Walter Hugo Mãe
Imagem: Maísa Coutinho
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