Foi de tão longe que eu vim. Foi do tempo onde nem tinha mais lembranças. Foi lá da andança com mangas de camisa. Era seda. Era branca. Do lugar onde eu vim, mal me sustentavam as pernas. Foi tão longe de onde eu vim. Saber andar. Minhas mãos sem lugar. Saber olhar no espelho. Branca. Branca de neve. Essa ficou. Essa parece parada naquele tempo. São lembranças que nunca somem. São o pesadelo da criança que não cresceu. Sentir-se sempre subjulgada e desfigurada. Pouco dona de si. Pouco sua nem de ninguém. Ela hoje é copo cheio ou vazio. Ela sou eu.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Nicoletta Ceccoli
0 Comentários