O monopólio da tristeza

Se não é aquela que me invade na noite escura.
Talvez seja quem me acompanhe no dia claro.
Talvez seja quem deita em minha cama.
Ela é guardada comigo como tesouro.
Desvendo aos poucos com quem me abro.
Às vezes sou pega de surpresa com perguntas ou mesmo afirmações.
Eu sei o que é certo e verdadeiro.
Mesmo assim nego sistematicamente.
Ele me olha.
Ele me fala.
Ele me interpreta, mas não me salva.
Antes me afoga em águas salgadas e profundas.
Antes me esquece e me cobra.
Esse começo que já é fim, tem pedras e pontas e estalos e mares.
Não sei flutuar.
Apenas me escondo na expectativa que ele me esqueça.
Ou então que me aceite como uma erva daninha no meio das flores.
Ou que pode meus espinhos.
Ou que esqueça de acusar.
Ou que tome partido de mim.
Mas ele não há...
Ele não há...
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Brooke Shaden

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1 Comentários

  1. Todas as rosas têm espinhos.
    Algumas têm mais espinhos.
    Outras têm menos espinhos.
    Mas todas as rosas têm com espinhos.
    Ter espinhos é o preço que o botão paga para se tornar rosa.
    Esta rosa, porém, não conseguia se conformar.
    Quer ser rosa sem ter espinhos.
    Olha as outras rosas no buquê e não enxerga seus espinhos.
    Quando os identifica,
    Acha-os menores do que os seus.
    E assim segue a se lamentar.
    Quer um caule sem espinho.
    Mas não os quer aparar.
    Espera que o cravo o faça por ela.
    Pra ela não ter que se preocupar.
    De tanto aparar espinhos.
    Um espinho surgiu no cravo.
    E a rosa não tentou apará-lo.
    Pegou o espinho do cravo
    Transformou em dois espinhos seus.
    E com eles ficou feliz.
    Pois eram dois novos espinhos para se lamentar:
    Ó céus, ó vida, ó azar...

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