Para Biel


Se os poemas tivessem pernas será que me levariam com eles?
Se braços tivessem me carregariam no colo?
Essas perguntas que eu faço e que só tem sentido pra mim mesma são interrogativas ou confirmatórias?
Frases sem sentido. Temas repetitivos. Eu me acho aqui ou não?
Eu não me encaixo?
Sou argila mal moldada?
Ás vezes lembro de cenas de filmes.
Lembro da neve que nunca vi.
Das estrelas que nunca brilharam no céu.
Minhas palavras às vezes são agressivas, mas eu as escondo.
Às vezes me escapam aqui ou ali, mas é fato que as escondo.
Escrevo porque gosto, porque sinto, porque me falta ar, porque tenho asma, porque tenho somente a noite, porque o dia e as horas passam correndo, porque me interesso, porque bordo, porque não me toco e não caio na real. Escrevo quando o corpo está cansado, quando me sinto mais leve, quando estou feliz, quando vibro com palavras, quando o ano começa ou quando termina, porque falo pouco, porque ouço muito, porque leio muito, porque meus livros estão guardados, porque o despertador toca, porque tenho que ir, porque tenho que ficar, porque não sinto ou sinto demais.
Eu te vejo porque sou míope e tenho óculos verdes guardados no carro para usá-los somente à noite.No meu carro tenho seus sapatinhos pra que eu possa te ter sempre comigo. Você não tem asas, mas é como se tivesse. Você é a parte mais bonita de mim. A que ri e que diz que me ama. A que me pega na mão. A que me leva pro quarto. A que me mostra porque sou melhor agora que antes. A que tem cabelos cacheados, loirinhos e do jeito que amo. Você sou eu caprichado.
Então, quando puderes andar sem mim vou te olhar de longe e falar baixinho que foi você quem me ensinou o que é o amor.
Texto: Wandréa Marcinoni
Tempo: De chuva
Equinócio: De verão
Imagem: Arquivo pessoal

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