O que vale


“De tudo, talvez, permaneça
o que significa.
O que não interessa.
De tudo, quem sabe, fique
aquilo que passa.
Um gerânio de aflição.
Um gosto de obturação na boca.
Você de cabelo molhado
saindo do banho.
Uma piada. Um provérbio.
Um buquê de presságios.
Sons de gotas na torneira da pia.
Tranqueiras líricas
na velha caixa de sapatos.
De tudo, talvez, restem
bêbadas anotações no guardanapo.
E aquela música linda
que nunca toca na rádio.”
Texto: Marcelo Montenegro
Imagem: achei aqui maniadeguria.com

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