Contos da Carochinha



Quando mudei para aquela casa...achei que era minha...coloquei na porta um berloque com uma pequena casa azul onde se via escrito o dizer: "meu recanto de paz". Durante alguns meses na casa em que fui morar, mantive minhas malas e roupas na pequena varanda da sala...e ali...aos poucos usava o que me era permitido. Passado algum tempo, ousei comprar um guarda roupas pequeno...nele não havia prateleiras...apenas três portas onde se amontoavam roupas e pertences. Às vezes...ao abrir as portas...as roupas caíam como a me dizer que não precisava mais delas...como ele me dizia. Chegou um tempo...que por achar que elas não cabiam mais em minha vida...juntei uma por uma...em uma verdadeira catarse e as doei. Passou-se o tempo...e o tempo...ousa transformar o modo como vemos a vida, as regras, os sentidos, a razão...e eu senti falta...não pela materialidade...mas sim pela tendência à nulidade da época...não me percebia com existência. Hoje...com essa intenção de futuro concreto...isso bem que me parece coisa de novela mexicana.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Andreea Anghel

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