Carta de Maria Bashkirtseff a Guy de Maupassant


Senhor:
Leio suas obras, posso dizer, deliciada. Na fidelidade à natureza, que o senhor copia com religiosa exatidão, acha uma inspiração verdadeiramente sublime, e ao mesmo tempo comove os leitores com toques de sentimento tão profundamente humanos, que imaginamos ver a nós mesmos reproduzidos em suas páginas, e o amamos com um amor egoísta. Isto é um elogio insignificante? Seja complacente, é essencialmente sincero.
O senhor compreenderá que eu gostaria de dizer-lhe muitas coisas belas e admirávéis, mas é muito difícil, de repente, dessa forma. Lastimo-o ainda mais por ser o senhor grande o bastante para inspirar a uma pessoa o sonho romântico de se tornar confidente de sua bela alma, sempre supondo que sua alma seja bela.
Se sua alma não é bela, e essas coisas não fazem parte de sua linha, haverei de lastimá-lo pelo senhor, em primeiro lugar; e depois classificá-lo-ei para mim como um fazedor de literatura, e não pensarei mais nisso.
Há um ano tenho tido vontade de lhe escrever e estive muitas vezes a ponto de fazê-lo, mas...às vezes pensava que estava exagerando seus méritos e não valia a pena. Faz dois dias, contudo, vi de repente no Gaulois que alguém o havia honrado com uma epístola lisonjeira e o senhor tinha indagado o endereço da autora da amabilidade para responder-lhe. Fiquei imediatamente com ciúmes, os seus méritos literários voltaram a facinar-me e...aqui está a minha carta.
Agora permita-me dizer-lhe que manterei sempre secreta minha identidade. Não desejo sequer vê-lo de longe-a sua figura poderia não me agradar- quem pode assegurar? Tudo o que sei a seu respeito é que o senhor é jovem e solteiro, dois pontos essenciais, mesmo para uma adoração à distância.
Mas devo dizer-lhe que sou encantadora; esse doce comentário talvez o instigue a responder minha carta. Acho que se eu fosse homem não desejaria manter comunicação, ainda que epistolar, com uma velha solteirona inglesa, qualquer que fosse a opnião de


Miss Hastings
Agência postal de Madeleine
Posso atrever-me a perguntar quais são seus pintores e músicos favoritos?
E se eu fosse um homem?

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