Eu assisto ao movimento sem acompanhar direito.
Digo a mim mesma que vou saber me virar e vou ter disciplina.
Ao mesmo tempo que os pensamentos me impulsionam pra frente, todo dia mexo com as memórias
Onde me perdi de mim?
Anoto em um caderno meio surrado as coisas que gosto de fazer: ver filmes, sonhar alto, viajar, escrever, ler, correr, estar em movimento
Dos sonhos eu traço o futuro
Não consigo esquecer de nada
Sento e começo a dedilhar nas teclas do computador
Mil abas abertas
Mil planos
O reflexo do que sou eu
O rascunho mal feito
Meu coração pulsa
Eu sinto que ele ainda existe
E cada hora vem mais forte essa vontade de encontrar comigo mesma
Eu sou quem mais me entendo
Mas pouco converso
Me atenho ao silêncio como se fosse uma joia rara em uma redoma impenetrável
Me escondo dentro de mim
Só eu sei onde estou
Bem no meio do labirinto
Um labirinto com paredes verdes
Como um jardim
Estou bem no centro
Está escuro, mas há estrelas no céu
Lá me ajoelho e rezo
Peço que me enviem um guardião alado
Que quando chegar me carregue nos braços
E fale pra mim, bem baixinho:
"Eu sei que você é mais"
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Mark Ryden
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