Adeus


Ela corre muito. Acorda apressada. O despertador coloca pras 05 e 30 da manhã, mas vai apertando a função soneca até não poder mais. Até a hora que tem que levantar.
Banho, roupa, sair. Não toma café. Tem que trabalhar. Sempre chega ao serviço antes da hora, mas com passo de quem está atrasada. Parece o coelho da Alice. Trabalha, fica no vai e volta do Plano-Águas Claras-Asa Norte. Quer fazer o tempo se esticar. Quer respirar. Quer voar por sobre os carros. Quer que não existam barreiras. Ninguém está junto. Ninguém sabe o que é. Ninguém sente como ela. E é um tal de atar nós. Atar e desatar. E é um tal de dizer não. Ela diz não. Ela diz sim. Nem sabe do que sente. Nem sabe ousar. " A vida é combate que aos fracos abate". Ela é assim: ponto sem nó, divagações, medo. Tem vezes que ela pensa a vida diferente. Tem vezes que ela acha que é um sonho. Pode acordar, pode empunhar uma espada e destemida atacar o que vier pela frente. Tem horas que é estátua, tem horas que se sente gente, tem horas que anda descalça, tem horas que sente, ou sempre é assim. Ela eternamente será a princesa sem castelo. Será quem sempre sonhou um momento eterno. Será quem desejou o soldado no quadro. Será quem teimou em amar. Será...será como quem diz às vezes fadada ao destino impuro. Será...ela será.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imgem: Arquivo pessoal

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