Sem luz


Ontem ela subiu degrau por degrau da casa velha.
Olhava pra cima pensando que não ia chegar.
A luz havia faltado e sobrou pra ela as escadas escuras iluminadas aqui e ali pelas luzes de emergência.
Parou no terceiro andar.
O telefone tocou.
Ela não atendeu.
Precisava pensar antes.
O que ia dizer depois de tanto tempo?
Tirou os sapatos e pé ante pé continuou a subir.
O corredor tingido de laranja.
Sua alma tingida também.
O que foi ontem.
Quando falou em frente ao prédio com vitrais, ela realmente não sabia o que dizer.
Havia uma empolgação abrandada.
Não foi como antes.
Nada foi como antes.
Agora é só ela.
Ela e sua eterna mania dos passos tortos.
Texto: Wandréa Marcinoni


Postar um comentário

0 Comentários