Eu sou assim sem você


Se eu te dissesse que o dia em que me encontrastes com o tal vestido amarelo ouro ou talvez verde musgo não foi o dia ideal?
E se eu falasse que o fato de tirar os sapatos não me deixou tão à vontade?
E se eu te falasse do que eu realmente pensei?
Se eu contasse do papo com os outros?
E se na sequência eu aparecesse de calça jeans?
E se não tivesse nada a ver com nada?
E se você não significasse nada mais pra mim?
E se o fato de eu olhar teus olhos verdes me lembrasse da minha terra com praias e algas misturadas em uma cor fúnebre?
E se teus pés soubessem muito bem como trilhar os caminhos?
Se teus braços me envolvessem como tentáculos?
E se eu não lembrasse mais de ti?
O último dia, o sol, a luz, fez com que eu olhasse cada marca no teu rosto e começasse a entender o tanto que a vida é frágil.
Deteriora até as mais simpáticas feições.
Distorce todo um encantar.
E se teu grito só me lembrasse das horas frágeis?
E se eu não dependesse mais de ti?
E se você não vestisse camisas brancas e me pedisse pra esperar no banco da praça?
E se eu não trouxesse uma pasta com e-mail ridículos?
E se não tomássemos café com você pagando a conta?
E se não esquecêssemos do carro em frente ao parque?
E se nós tivéssemos morrido de amor?
E se o livro que me destes não tivesse ficado trancado a sete chaves?
E se você tivesse falado a verdade?
São perguntas que pra mim, hoje, só têm respostas clássicas e romantizadas.
Você foi o que tinha que ser, pelo tempo que tinha que ser.
Você foi a tentativa primeira e a marca mais forte.
Mas você foi.
Hoje, eu sou sem você.
Eu sou eu.
Eu sem você.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Loretta Lux

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