Eu ao meio dia


Na verdade, minhas dúvidas não estão relacionadas ao homem sobre o patinete na esquina. Essa cena ao sol do meio dia ao lado do cemitério nem parece inusitada. Não olho para a idosa que pede esmolas, mas penso onde ela mora e com quem vive. Pergunto se já foi criança e se ela já sorriu.
Quando paro no sinal, entre o setor militar urbano e o setor hospitalar sul, o sol a pino confunde minha cabeça, mas meu coração de sempre fica teimando em encontrar respostas pra o que não precisa. Ela não precisa de mim, não sabe quem eu sou, nunca perguntou se eu já fui criança nem ao menos se eu já sorri.
Naquele sol ela nem lembra de nós. Eu é que sigo, depois do sinal verde a nunca esquecer que eu um dia a vi.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Jeremy Geddes

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