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Ontem ela leu nas entrelinhas...
Olhou para o papel...com misturas de branco em negro...
Deu de afastar as palavras umas das outras...
Contou numericamente cada linha...
Deteve-se a multiplicar possíveis citações...
Era o que ela fazia de melhor...
Abriu a gaveta...
Vasculhou pelos cantos...
Encontrou o velho caderno onde anotava pensamentos...
Quando lia não lembrava...
Provavelmente ela vinha em transe...
Seus olhos ainda estavam vermelhos...
Reações normais em uma cidade com ar seco e umidade desértica...
Ela o via nas transcrições...
É que ele permeia seu pensamento enfumaçado...
Pensou no plano de fuga número um...
Achou que seria bom ter um plano alternativo...
Para o caso de tudo dar errado...
Andou com pernas que não eram suas...
Falou por bocas que praguejavam ao relento...
Chorou lágrimas decadentes...
Interveio na hora necessária...
Calçou os velhos sapatos...
Ergueu a pedra que estava a atravancar o caminho...
Olhou para os lados na esperança que houvesse alguém caminhando com ela...
Manteve-se certa de que seu tempo não tardaria...
Catou conchinhas no mar...
Plantou sementes escondidas...
Fotografou a si mesma para que provas tivesse...
Olhou as pegadas na areia...
Por fim...por estar o corpo exausto deitou-se à primeira sombra...
Da árvore que era dela...
Lembrou-se da promessa...
Das escadas...e consternou-se por saber que agora ...era muito mais difícil.
Texto: Wandréa Marcinoni
IMagem: Arquivo pessoal

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