Me queira bem, meu amor


Há quem diga que bêbados são sábios ou inconvenientes. Inconvenientes são mesmo, é fato. Sábios, só até quando o álcool permite. Algumas horas depois daquele gole, a gente parece que sabe de tudo, tem a verdade absoluta. Eu estava um pouco assim hoje. Eu estou um pouco assim.

Cada gole, uma lembrança boa de você, uma vontade imensa de cuidar de mim, de ser melhor para mim, para os outros. Vontade de continuar a sentir encantamento, dádiva de algo que não se repete. Uma pessoa, outra pessoa: Deus em algum lugar.

Alguns drinques, uma noite sem grandes expectativas. Acontecimentos banais.

Espero que você não esteja detestando tudo isso: é boa a sensação de não sentir vergonha de nada que eu seja capaz de sentir.

Acabo de ver coisas, ouvir coisas. No filme, há um princípio da coincidência regendo tudo. Um princípio que explica as precariedades da vida. Não sei se há coincidências, acredito que há sol até nas noites.

A vida segue, o belo é que nós não somos descartáveis. Há alguém muito perto do outro, que olha, que observa. Faz sorrir. E há alguém que está, mesmo sem ser, como se não precisasse, imperceptível.

Tenho um jeito meio desajeitado de dizer as coisas, meio prolixo, meio cheio de curvas, um jeito tão sem precisão que me faz ter vergonha de fazê-lo. Não: decidi não sentir vergonha de nada que eu seja capaz de sentir.

E essa madrugada? Eu, sinceramente, acho que o tempo vai fazer eu me esquecer de você e você se esquecer de mim. Por isso, escrevi isso. Para deixar registrado.

Eu me sinto melhor com tua presença. Aí. Aqui. Acima das nossas cabeças.

Fique feliz, fique bem feliz, fique claro. Queira ser feliz. Te envio as melhores vibrações.

Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas, que seja bom o que vier: para mim, para você.

Te escrevo isso por absoluta necessidade de sinceridade. Hoje tem noite e amanhã tem sol.

- Me queira bem.

Texto: Thiago Soares
Imagem: Benjamim Lacombe

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