Dos presentes


Certas vezes é difícil não rememorar. Chegastes de viagem...ou não...a verdade é que não sei. Havia algumas sacolas e presentes na sala. Havia uma mala. Havia uma orquídea na mesa próxima ao sofá. Havia a janela ...e os passarinhos na área aberta. Gostava de olhar através dela...aquele velho sentimento de liberdade que já te falei. Abrimos as sacolas: CD, roupas, um livro. O primeiro que te dei foi a mini caixinha de música...com uma velha canção dos Beatles...houve um certo descobrir para aprender a tocá-la...mas é assim...quando se pisa num chão de estrelas. Dos presentes que me deste...devolvi todos...porém esqueci do objeto de calçar...e toda vez que o vejo...lembro da gente...no mais profundo e superficial...no enganar-se ou não...naquela confusão. O dia do mal entendido...não houve...não foi real...foi dúvida...foi inteligente...foi dar o tempo necessário...para dizer o que há muito já era perceptível...o não pertencimento...a recusa...a má aceitação...mas hoje...ainda há a tua imagem...a mesma de um mês atrás...a mesma forte...e intensa sensação...dos 30 e poucos...dos trinta e tantos...do teu andar com a pasta na mão...dos tantos papéis que havia ali dentro...da minha vontade de correr pros teus braços...mas da minha certeza de que era inútil.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Wang ZhiJie

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