Devaneio em mi menor


Ao chegar em casa faz-se o costume do abraço.
Depois...descalçar os sapatos.
A ida até o quarto...onde deixa os objetos da labuta diária.
Se perde entre abraços novamente.
Constitui seus afazeres.
Liga o chuveiro em temperatura alta.
Sua pele sente a água quente a dilatar os poros.
Ao secar-se pensa na purificação.
Seria bom se a água levasse tudo embora.
Secar...hidratar...perfumar...vestir-se como em ritual.
Labutar novamente.
Ler...escrever...
É rotina, mas parece não ser...
Não há obrigação.
Essa menina não sabe o que quer...
Não sabe se é rosa...não sabe dos espinhos...
Não sabe da dúvida...mas se expressa por ela.
Ontem ela evitou a conversa.
Não quer dizer o que seu coração pensa.
Não diz o que seu corpo sente.
Prefere manter a graça de ser como é.
É alma.
Tem sede.
Tem fome.
É amor e também um tanto de outras coisas confusas.
Faz teste como cientista em laboratório à espera de resultados estatisticamente significantes.
Ao não encontrá-los prefere a poesia...
Esta não depende dos números...
Esta é mais fácil...não precisa de nada.
Então...na poesia e no nada ela se faz de eterna...e deixa o sorriso quase de Monalisa...pra que todos...tentem saber...o que é que ele expressa.
Texto: Wandréa Marcinoni
Imagem: Shiori Matsumoto

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